
Adeus Pântano
Um homem cheio de cicatrizes, chega no pântano e vê tudo abandonado, não tem mais flores, a grande árvore secou e a casa está tomada pela natureza. Ele abre a porta e vê que nasceu uma árvore na cozinha, olha para um galho e está a coruja pousada lá.
Ele sorri e fala:
- Até que enfim você voltou. Eu também voltei, com as marcas do passado, mas voltei. Sabe coruja! Eu vou te contar o que aconteceu aqui.
Foi assim: A tarde estava linda e eu fui cuidar das flores, elas eram tão lindas, coloridas, perfumadas, carinhosas e tinham o cheiro do amor. Eu ficava horas ali do lado delas, dando amor, regando e feliz com a beleza delas.
A noite estava chegando e levando a luz embora, uma luz tão carinhosa e quentinha, eu queria ficar um pouco sentado nela, sentindo aquela luz no rosto. A grande árvore já estava quase sem flores, não via mais o ninho do beija a flor, eu acho que ele tinha ido embora, igual você coruja. Pensei: Assim eu vou acabar sozinho, sem ninguém do meu lado para conversar.
Todo aquele cenário maravilhoso me deu vontade de correr e fui correr, correr, correr e não parava de correr.
Enquanto eu corria entre as flores, eu sentia um olhar felino me perseguindo. Corri para o pomar e o olhar me seguia, passei no meio dos pés de frutas, pelo pé de Juá e entrei no bosque, saindo atrás da cachoeira, sentindo que alguma coisa iria me pegar, ela estava preparando o seu bote.
Desci pelas pedras, entrei na casa correndo e fechei a porta, com medo do que estava lá fora. As horas passaram, escureceu e a noite trouxe a solidão ao pântano. Eu estava ouvindo música, quando ouvi um barulho na varanda, pensei que era você coruja, que tinha voltado para mim e sai para vê-la.
Quando cheguei na varanda e olhei para cima, fui atacado por uma onça, com um golpe certeiro, não consegui reagir, não tive chance, apenas caí no chão da varanda, tremendo e com medo dela, que não teve piedade, veio e cravou seus dentes no meu peito, a dor foi profunda, doeu na alma. Ela me arrastava e a minha mão ia em uma linha sinuosa, como se quisesse escrever alguma coisa, eu fiquei com medo dela machucar a minha mão e eu não conseguir mais escrever.
Ela me arrastava para o escuro, rasgando a minha pele com a sua garra. Pensei que ela ia me devorar, mas não, ela me largou no escuro e foi embora. Eu me arrastei até a casa, sangrando muito e desorientado, fechei a porta, fiquei ali me recuperando do susto e fui embora.
Agora estou de volta para ver como está o pântano e encontro você coruja. Que bom! Fiquei feliz.
Sabe coruja! - Eu pensei que ela tinha apenas deixado cicatrizes, mas percebi que ela devorou parte do meu coração, agora não sou mais o mesmo, não paro de pensar nela.
Vem! Senta do meu lado, eu quero ver o pântano da varanda, pois ele é lindo de qualquer forma....
Paulo Alvarenga
sim muito lindo...lindo demais, não pode ter nada de feio nele. que bom que vc espatou as coisas feias dele...e assim nem posso mais ver a lindeza do lugar...
ResponderExcluirLindo seu cantinho, obrigada
ResponderExcluirpor permitir a visita, adoro suas historias
venho saboreá-las e fico sempre encantada!!!
bjos Paulo.