domingo, 2 de agosto de 2009

Adeus pântano




Adeus Pântano


Um homem cheio de cicatrizes, chega no pântano e vê tudo abandonado, não tem mais flores, a grande árvore secou e a casa está tomada pela natureza. Ele abre a porta e vê que nasceu uma árvore na cozinha, olha para um galho e está a coruja pousada lá.
Ele sorri e fala:

- Até que enfim você voltou. Eu também voltei, com as marcas do passado, mas voltei. Sabe coruja! Eu vou te contar o que aconteceu aqui.

Foi assim: A tarde estava linda e eu fui cuidar das flores, elas eram tão lindas, coloridas, perfumadas, carinhosas e tinham o cheiro do amor. Eu ficava horas ali do lado delas, dando amor, regando e feliz com a beleza delas.

A noite estava chegando e levando a luz embora, uma luz tão carinhosa e quentinha, eu queria ficar um pouco sentado nela, sentindo aquela luz no rosto. A grande árvore já estava quase sem flores, não via mais o ninho do beija a flor, eu acho que ele tinha ido embora, igual você coruja. Pensei: Assim eu vou acabar sozinho, sem ninguém do meu lado para conversar.

Todo aquele cenário maravilhoso me deu vontade de correr e fui correr, correr, correr e não parava de correr.

Enquanto eu corria entre as flores, eu sentia um olhar felino me perseguindo. Corri para o pomar e o olhar me seguia, passei no meio dos pés de frutas, pelo pé de Juá e entrei no bosque, saindo atrás da cachoeira, sentindo que alguma coisa iria me pegar, ela estava preparando o seu bote.

Desci pelas pedras, entrei na casa correndo e fechei a porta, com medo do que estava lá fora. As horas passaram, escureceu e a noite trouxe a solidão ao pântano. Eu estava ouvindo música, quando ouvi um barulho na varanda, pensei que era você coruja, que tinha voltado para mim e sai para vê-la.

Quando cheguei na varanda e olhei para cima, fui atacado por uma onça, com um golpe certeiro, não consegui reagir, não tive chance, apenas caí no chão da varanda, tremendo e com medo dela, que não teve piedade, veio e cravou seus dentes no meu peito, a dor foi profunda, doeu na alma. Ela me arrastava e a minha mão ia em uma linha sinuosa, como se quisesse escrever alguma coisa, eu fiquei com medo dela machucar a minha mão e eu não conseguir mais escrever.

Ela me arrastava para o escuro, rasgando a minha pele com a sua garra. Pensei que ela ia me devorar, mas não, ela me largou no escuro e foi embora. Eu me arrastei até a casa, sangrando muito e desorientado, fechei a porta, fiquei ali me recuperando do susto e fui embora.


Agora estou de volta para ver como está o pântano e encontro você coruja. Que bom! Fiquei feliz.

Sabe coruja! - Eu pensei que ela tinha apenas deixado cicatrizes, mas percebi que ela devorou parte do meu coração, agora não sou mais o mesmo, não paro de pensar nela.

Vem! Senta do meu lado, eu quero ver o pântano da varanda, pois ele é lindo de qualquer forma....

Paulo Alvarenga

2 comentários:

  1. sim muito lindo...lindo demais, não pode ter nada de feio nele. que bom que vc espatou as coisas feias dele...e assim nem posso mais ver a lindeza do lugar...

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  2. Lindo seu cantinho, obrigada
    por permitir a visita, adoro suas historias
    venho saboreá-las e fico sempre encantada!!!
    bjos Paulo.

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