terça-feira, 4 de agosto de 2009

Olhando nos seus olhos


Olhando nos seus olhos

Cheguei ao pântano correndo e não te encontrei, procurei por toda a casa e nada, então resolvi procurar no jardim, pois você poderia estar cuidando das flores. Naquele momento eu estava sedento e carente precisando de você, mas ultimamente andamos distantes e sem rumo, não encontrando os braços e abraços do outro.

Saí da casa pela varanda caminhando para o jardim e quando olhei para a cachoeira, avistei você sobre a grande pedra. Parei e a fiquei observando por uns momentos, o vento balançava o seu vestido dando forma ao seu corpo e agitando os seus cabelos lindos. Olhando com mais atenção percebi que você estava apreciando a brisa com os braços levantados, mas você estava distante, pois nem percebeu a minha presença.

Eu caminhei pelo jardim colhendo uma rosa para você, mas não te chamei, evitei quebrar o seu momento de meditação e subi na grande pedra me aproximando de você, tão perto que avistava os seus olhos castanhos, que pareciam me ver, mas não viam, pois seu olhar estava distante, então sentei e fiquei observando.

Olhando nos seus olhos, eles pareciam olhar para mim, mas não olhavam e eu fiquei imaginando para onde você estaria olhando? O que você estaria vendo? E imaginei como o nosso mundo estava distante, mas continuei olhando para os seus olhos distantes e pensei:

“Um mundo tão lindo com tantas árvores, frutas, pássaros, cachoeira, carinho. Tantos detalhes criados por nós e não conseguimos caminhar juntos. Quando estamos no nosso mundo, por incrível que pareça, sempre estamos sozinhos.”

Desisti de esperar você me ver e tentei chamar a sua atenção, tentando te trazer para mim, mas não consegui, por mais que tento, não consigo mais ter você perto de mim, não consigo mais pegá-la no colo, não consigo mais sentir o seu cheiro feminino, o máximo que consigo é olhar os seus olhos castanhos.

Eu levantei e corri, para te pegar e cair nas águas da cachoeira com você, mas quando saltei, eu caí sozinho, pois você estava distante. De tanto sentir a sua falta no nosso mundo, eu fico imaginando você em vários lugares, talvez por que não sei viver sem seu carinho, mas faz tanto tempo que não caminhamos juntos no nosso mundo, que talvez nem saibamos mais como é o carinho do outro.

Eu caí na água, olhei para a grande pedra e você continuava lá, no mesmo lugar apreciando a brisa fresca flutuando nos seus cabelos e me deixando feliz, pois sinto você perto de mim.

De repente você olhou para baixo e me viu nadando na cachoeira, tirou o vestido, deixou sobre a pedra e saltou na cachoeira caindo na água perto de mim, mergulhando e nadando em minha direção enquanto eu observava coquinhos maduros caindo na água.

Você se aproximou e agarrou nas minhas costas, cruzando as pernas na minha barriga e eu falei:

- Pssssssssssssssssssss! Fica quietinha e olha no pé de coqueiro, bem no cacho de coquinhos maduros. Olha um casal de tucanos fuçando no cacho de coquinhos. Vamos olhar mais de perto! Eu caminhei na água com ela nas costas e chegamos embaixo do coqueiro, caia coquinhos na nossa cabeça e eu falei:

- Fotografe com os olhos e guarde na memória que eles são lindos. Eles pararam! Notaram a nossa presença. Segura a respiração que vamos brincar de jacaré e afundar na água. Afundei e nadei com ela nas costas até a margem, saindo da água com ela nas costas agarradinha em mim e caindo com ela na grama, de onde ficamos olhando os tucanos no cacho de coquinhos e enquanto ela observava as aves, eu olhava os seus lindos olhos castanhos, que nem piscavam de felicidade.

Paulo Alvarenga

Um comentário:

  1. uma beleza incrível...
    lindo cheio de detalhes...perfeito!
    bjo Paulo saudades!

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